Há uma crença ancestral de que usar a pele de animais nos transfere as características deles. Nas culturas pré-colombianas a onça-pintada era um símbolo de poder e não à toa, ela tem a mordida mais forte entre os felinos e é uma caçadora extremamente hábil. Para os maias, a onça era uma companheira espiritual, já para os guaranis ela é uma ameaça capaz de engolir as estrelas e espalhar a escuridão pelo mundo.

Na cultura ocidental foi o cinema que popularizou as estampas animais no início do século XX e por volta dos anos 1950 elas começaram a aparecer nas passarelas e nos figurino das pin-ups. A própria “oncinha” logo virou sinônimo de sensual e selvagem numa época em que o feminismo conquistava mais e mais direitos para as mulheres. Não por acaso é desse tempo também a leitura de que a estampa de onça é erótica e vulgar.

Poder, perigo, sedução, santificação, beleza, vulgaridade. Em um mundo onde ser mulher não encontra meios termos, a imagem da onça permite muitos ângulos de uma mesma história.

The Wild é um arco-íris de cores quentes por onde corre o sangue de uma mistura de etnias e a ferocidade de muitas vozes não ouvidas. É o retrato da nossa vaidade e das nossas armaduras transformadas em fantasias e enfeites. Um espelho que reflete a nossa imagem convertida em muitas.

Em The Wild cabem todas as mulheres do mundo.